JOÃO XAVIER DE MATOS
( Portugal )
João Xavier de Matos (Lisboa[?], c. 1730/5 — Vila de Frades, 3 de novembro de 1789) foi um poeta português.
"De origem plebeia. Preso em 1763 por agredir um padre. Fez parte da Arcádia Portuense, assinando com o pseudónimo Albano Eritreu. Retoma Camões, quer na poesia bucólica, quer nos sonetos."
Obras
Egloga de Albano, e Damiana (1762); A Pastora Virtuoza: écloga (1782); Rimas (3 tomos, 1770, 1775, 1783)
Biografia: wikipidia
SONETO
Pôs-se o Sol; como já na sombra feia,
Do dia a pouco e pouco a luz desmaia!
E a parda mão da noite, antes que caia,
De grossas nuvens todo o ar semeia.
Apenas já diviso a minha aldeia;
Já do cipreste não distingo a faia.
Tudo em silêncio está. Só lá na praia
Se ouvem quebrar as ondas pela areia.
Com a mão na face a vista no céu levanto
E, cheio de mortal melancolia,
Nos tristes olhos mal sustenho o pranto;
E se ainda algum alívio ter podia,
Era ver esta noite durar tanto,
Que nunca mais amanhecesse o dia.
LIVRO DOS POEMAS. LIVRO DOS SONETOS. LIVRO DO CORPO. LIVRO DOS DESAFOROS. LIVRO DAS CORTESÃES. LIVRO DOS BICHOS.. Org. Sergio Faraco. Porto Alegre: L.P. & M., 2009. 624 p ISBN 978-85-254-1839-5 Ex. bibl. Antonio Miranda
SONETO
Que triste, que profunda soledade
se observa aqui de cima deste outeiro!
Não anda lá no mar nenhum barqueiro,
não se ouve algum rumor cá na cidade.
Como da lua a frouxa claridade
prateia aquele monte derradeiro!
Não sabe a vista aonde vá primeiro
fartar o pensamento de saudade.
O céu sereno como está sisudo!
Quieta a planta, o mar adormecido,
a terra sossegada, o vento mudo;
mas que estrondo fizera, e que alarido,
céu, planta, mar, e terra, vento, tudo,
se rompesse o silêncio meu gemido!
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Página publicada em agosto de 2022
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